O SISTEMA

Envolve-nos completamente

Tal qual o “abraço” de sucuri

É impossível dele sair.

 

É invisível a olho nu,

Porém seus sinais são gritantes

Que nos sufoca a cada instante.

 

Para ter algo a quem culpar

Ele foi inventado, não aleatório

No intuito de assistir nosso velório.

 

Sua presença acaba nos paralisando

Se apresenta tão sutil e sorridente,

Mas mata como o veneno da serpente

 

Sabemos que existe,

Todavia, sem conhecimento

Os ignoramos para nosso sofrimento.

 

Se não há a quem culpar

Culpa o sistema

Até aparece em forma de poema.

 

Jogamos sobre ele

Toda a nossa frustração

E ignoramos a situação.

 

Quando tudo empaca

Em meio aos problemas

Desabafamos: a culpa é do sistema!

 

Mas quem criou o miserável sistema?

Ou seria ele um foco de fumaça

Para descontar nossa própria desgraça?

 

Seria o sistema os velhos oráculos

Onde os antigos iam se consultar

E se não desse certo tinham a quem culpar?

 

Maldito sistema que me sufoca!

Eu que a ti tenho muito culpado

Por me deixar tão sufocado.

 

Só por hoje te deixo meio em paz

E em meio a todo o meu estupor

Vou culpar a quem te criou.

 

Entretanto, é tu meu calvário

Se hoje sigo nessa tormenta

Culpo também a quem te alimenta.

 

Meus olhos sangram, o corpo enrijece

Minhas mãos trêmulas, minha agonia

Para terminar essa pobre poesia.

JOEL MARINHO