O homem médio

Após a ascensão da lama

Entre as grades que cercam sua paz

Habita o animal dócil mais selvagem

O rei desses animais

O médio já viu que o homem

É médio na sua medida

Habita lugar algum

É triste é ele a ferida

Que não vive apenas experimenta

Degusta migalhas

Mas não passa a fome

Que move o mundo

E remove por dentro de sim

Um mostro

Sutilmente gentil e violento

Restrito, deprimido e reprimido

No caos do sistema uma bolha

Aparentemente normal

Pronto pra devorar qualquer um

Por qualquer coisa e pedir desculpas

Sim ele nasce todos os dias

Sombrio incapaz de contemplar as estrelas

Rugindo contra tudo

Perdido no lugar que lhe jogaram

Nem aqui nem lá

Nem erudito nem popular

Médio e já nem vê mais o que perdeu

Que se perdeu

Moderno e médio

Buscando prisões e chamando pela liberdade

Médio e hipócrita

E cego vagando de sandália ou sapato

Médio sofrendo por ter perdido algo precioso

Em nome de que? Da segurança talvez

Médio sempre condenado

Não transpondo a barreira de sua

Mediocridade

Talvez alguma vez em rompantes de lucidez

Médio que se liberte

Peço o preço que pesa nas costas

E a vida que é isso daí

Um boteco talvez ou uma igreja

O nada talvez ou a morte

Quem sabe a coragem

Olhando cara a cara a

Liberdade.

Gessé Cordeiro de Miranda
Enviado por Gessé Cordeiro de Miranda em 20/11/2023
Reeditado em 11/03/2024
Código do texto: T7935784
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