É pra chorar, de rolar de rir

Peguei um bom trabalho na cidade

Trabalho, no entanto, noite e dia

Eu nunca perco um minuto dormindo

Odeio pensar como as coisas seriam

É preciso manter a roda girando

É preciso não esquentar a cabeça

Rolar no chão, rolar com a barriga

Rolar como as pedras, rolar de rir, minha amiga

Lavo uma montanha de pratos todo dia

Trombando eu sigo, mesmo com muita dor

De nunca ter ido ao lado bom da cidade

Nem a um passeio de barco com meu amor

Se você chegou até aqui ou foi ao Rio

Aposto que encontrou lá pessoas que vivem

Como vivem as pessoas de qualquer lugar

De São Paulo, Salvador, Paris ou Bagdá

Sem se preocupar que não tenha dinheiro

Pessoas como eu, no batente o dia inteiro

A dar de si, pra fazer a grande roda girar

É preciso não esquentar a cabeça

Rolar no chão, rolar com a barriga

Rolar como as pedras, rolar de rir, minha amiga

Também já sei que podia mudar

Mas odeio pensar como as coisas poderiam ter sido

Não é nem de perto um canto de azar

É apenas algo que me aconteceu, amigo

Nem só apenas comigo eu já sei, não desespero

Nem é para sempre também, eu assim espero

Eu já aprendi que tudo desmancha no ar

E já sei que não se trata de castigo

À esquerda e acima, sempre há uma saída

Eu não sou uma menina má,

Eu não sou má menina

Sei que preciso não esquentar a cabeça

Rolar no chão, rolar com a barriga

Rolar como as pedras, rolar de rir, minha amiga.

(Mais uma da minha cria Juli Bauer, essa indignada com Proud Mary, de John Fogherty, sabe-se lá a exata razão)