Poesia Negra
A poesia que não tem cor
Não rima minha história.
É dominação, dissabor
É o apagar duma memória.
No cerrar do punho
Ergo minha ancestralidade.
Este é meu testemunho,
Minha Africanidade.
Não vou cantar outra terra
Senão aquela que me gerou.
O som do mar materno sou
Esse que se infla pra guerra.
Aquela poesia apática
Negou-me o belo
Moldou-se estática
Num ideal que nem relo.
Por isso tinjo minha lavra
DENEGRINDO cada palavra
Que nos imputaram.
Tentou-se, mas não mataram,
E mesmo acertando erraram
O tiro que nos sangra.
E nós continuamos
Caminhando e cantando,
Seguindo nossa canção
Aquele som certeiro, martelado
Que vem bulir meu coração.