Poesia Negra

A poesia que não tem cor

Não rima minha história.

É dominação, dissabor

É o apagar duma memória.

No cerrar do punho

Ergo minha ancestralidade.

Este é meu testemunho,

Minha Africanidade.

Não vou cantar outra terra

Senão aquela que me gerou.

O som do mar materno sou

Esse que se infla pra guerra.

Aquela poesia apática

Negou-me o belo

Moldou-se estática

Num ideal que nem relo.

Por isso tinjo minha lavra

DENEGRINDO cada palavra

Que nos imputaram.

Tentou-se, mas não mataram,

E mesmo acertando erraram

O tiro que nos sangra.

E nós continuamos

Caminhando e cantando,

Seguindo nossa canção

Aquele som certeiro, martelado

Que vem bulir meu coração.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 19/10/2023
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