Natal desigual
O vento bateu
E eu permaneci onde estava
Meus olhos apenas viam
O que o mundo me deixou
E o que nós deixamos a ele
Minha voz não cala
Minha voz exala um perfume que sente
De algo que surge, não mais que derrepente
Na paisagem que vejo
O mendigo que olha
O mendigo que deseja apenas mais uma
Noite de Natal!
O que seria esta noite?
Noite de amor,
onde a família se encontra
E do pobre mendigo?
Onde está sua família?
Ele permanece um ano , dois,
E talvez a vida inteira na mesma praça,
no mesmo assento, na mesma forma.
Ele permanece insistindo
Ele permanece querendo, vivendo
Nos seus olhos eu vejo a dor
O que guardará este senhor?
De onde lhe vêm tantas histórias?
Ele jura ser Napoleão
Não sei se é verdade ou imaginação
Ele é o rei dos seus passos
E vive da ilusão que não permite sua solidão
Esse homem é forte meu Deus
Esse homem tem a riqueza na alma
Porque tanto sofre meu Deus?
Porque todos acabam com o mesmo nome?
São tão diferentes, são tão iguais
Ele quer apenas um Natal digno
Enquanto nós queremos o presente
Ele quer um jantar na mesa
Enquanto nós preferimos um banquete
E assim segue o homem,
procurando um sentido
Que nem todos encontram,
Porque outros se entregam ao vício
Ao vício.
Quem será esse homem?
O que me ensina?
O que sabe?
Este homem é o vento?
Esse homem é o bom velhinho?
Não ele é apenas um sobrevivente.
Desta paisagem real.