DAS SEMENTES
Que dirão as nuvens deste tempo
revolto na imensidão dos dias,
das tormentas regadas em sangue,
dos petardos nos raios cadentes?
Que dirão os ventos destas luzes
envolvidas na evolução dos ventres,
que não sentiram da terra o cheiro
do cio que ainda não chegou?
Pobre guitarra encoberta em sonhos
não nascidos, de cordas caladas...
Pobre canção levada ao vento,
lamento frio dos taquarais...
Que canto germina tão vibrante
no aconchego quente desta terra?
Que germina no solo regado
pelos prantos destes esquecidos?
Que canto brotará desta criança,
deste homem novo e não parido?
Que dirão as nuvens deste tempo
revolto na imensidão dos dias...
Semana santa /1987