Marginal
naveguei esse mar e acabei na praia
agora o que tenho é aquela saudade
recordações daquela onda de tocaia
pronta a agitar um marujo da cidade
o vento constante empurrava a nau
sempre nos levava para a terra suja
queria fugir desse desígnio cultural
para estar naquela água de lambuja
mas o que trago da aventura é a dor
na forma de lembranças do oceano
dias de apego pelo barco libertador
que velejava rumo ao porto urbano
e longe das margens do meu litoral
tento subsistir essa falta de marola
pois a baía deu lugar ao chão brutal
da sociedade que vem como esmola
hoje vivo enjaulado nesse universo
sem horizonte e com um piso firme
sofro o destino do mundo perverso
virei mais uma vítima desse regime
De
Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista