Desolado

O mendigo, assim chamado,

Que é ser humano do mesmo jeito,

Tem peito de aço,

Mas dorme ao relento.

Tem sangue de ferro,

Mas não tem comida nem prato.

Com a vida amarga,

O suor amargo na roupa

E a destreza de um corpo errante,

Segue:

Com olhos de diamante

Que brilham entristecidos e duros,

À procura de uma esperança

— se é que ela existe —

Ou de um abraço social inexistente.

Ninguém sabe sobre o destino

Que a vida traz a cada um

Neste mundo;

Nem a causa, a circunstância

Ou uma escolha inesperada.

Mas todos sabem que têm

Um lar coberto e aquecido,

Um alimento que sustenta

E uma sociedade que abraça.

Mendigo de voz baixa — quase silente —,

Mas de apelo gritante.

Recebe em troca uma prata

Forçada e fria,

Uma realidade fria.

Em meio a arrependimentos

E aprendizados,

Nasce a vida,

Morre o dia,

Segue a sina,

Só o mendigo fica.

Meus olhos desolados ficam.

E no fundo,

Cada um de nós se esconde.

Cada um de nós.

Adriano Vox
Enviado por Adriano Vox em 27/08/2023
Código do texto: T7871384
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