AFIRMAÇÃO (Smithiana mão invisível)

Apanhar todos os sonhos,

todas as airosas esperanças

e todos os reconhecimentos

nas prateleiras da boutique

de toda nossa existência.

 

Comprar toda beleza,

a fé na humanidade,

as breves alegrias

e os momentos de sossego

em "suaves" prestações.

 

Acumular no armário

todas as carências do peito,

imprimir na alma um carnê

de longuíssimo crediário,

para toda a vida...

 

Sair para a rua com o habeas corpus

do bazar da "justiça social" na carteira,

guiado pela mão invisível do deus

omnipresente de Adam Smith,

com uma coca-cola bem gelada na mão.

 

Zildo Gallo

Americana, SP, 01 de novembro de 1981.

Revisão: Araraquara, 02 de junho de 2017.