POESIA ACOLHEDORA
A minha poesia comporta o lamento
de uma criança perdida no mato;
de um cego, chorando sem ver seu retrato;
de um pobre aleijado sem ter um assento.
Está sobre a mesa onde falta alimento,
frequenta uma igreja com gente, rezando;
vai ao cemitério com quem está chorando,
adota um animal que o dono abandona.
Orienta o governo que se desmorona,
dá força a quem sofre de alguma doença,
clareia o juízo do rei que não pensa.
Enfim, tem de tudo o que é bom, uma porção;
não obra milagre, mas faz oração,
e Deus toma conta do que ela não vença.