Vai e vem.

Trabalho começa

Alvorada do dia

Clientes à espera

Noite mal dormida

Acorda cansada

Já? É jornada

Vai, vem

Vem, vai

Homem está só

Da pobre menina

Judia que haja dó

Tapas no corpo

Marcas na face

Entre as pernas?

Vai, vem

Vem, vai

No marasmo de um prazer desvalido

Soa o orgasmo

Um discurso político

Moça gemendo e gritando

A quem mais está pagando

Vai, vem

Vem, vai

É segunda-feira

Dia da folga

Depois da aurora

Até não recorda

Dos Joãos, Marcos, Clarisses e Auroras

Companhias de outrora

Traz o sustento do lar

Onde mora com a vó

Que para almoçar

Faz arroz, galinha e bobó

Recebendo o dinheiro

Coração cheio de dó

Vai, vem

Vem, vai

Amanhece

Acorda a menina

Lembra o que desconhece

Os tempos de menina!

Brincar de boneca

Barra-bandeira

Roda, peão e botão

Subir na trepadeira

Sorrisos de montão

Saudades da infância que não viveu

Pobre! Sua infância morreu

Chora de desengano

Aos seus nove anos

Mas, como diz Vinícus

E o maestro soberano:

"Chega de saudades"

Trabalho vem chegando

E vida vai passando

Dinheiro vem,vem

Infância vai, vai.

Dionísio niilista
Enviado por Dionísio niilista em 19/12/2007
Reeditado em 26/06/2008
Código do texto: T784117