O TRABALHADOR-POETA
Preterido muitas poucas
vezes, segui meu sonho
como um Ulisses em viagem
de volta à sua Ítaca, procurando
a Penélope a que se abraçar
e fugindo das sereias que
cantavam no mar bravio
tentando encantar-me
com outras tentações
que não fossem o meu
fazer meus poemas.
Minha Penélope enfim
sempre foram as academias
de letras do interior,
que me receberem de
braços abertos para o
final feliz de uma estória
de amor às letras
e chamo esta poesia
de social porque vim
andando sempre sobre
vias calçadas, às vezes
asfaltadas da vida
civilizada mas cheia
de perigos mil. Assim
aqui fica agora esta
minha pequena epopéia
a festejar-me. E ao reecontro
de mim mesmo, que de
tão menino sonhador:
- Vou ser poeta, escrevenhinhador!
E canto meu canto,
enfim, sem percalços,
com as palavras que aprendi.
E quero aprender muito
mais outras palavras.
E poesia-social também
por ser confessional aqui.
Eu: trabalhador-poeta.
Que de trabalhador me
aposentei, poeta vero
me dou ao mundo dos olhos
alheios em busca dos
encantos deles.