ODE À FOME

(canto de um homem invisível)

Fome de tudo!

De vida, de história, de memória, de matemática simples

De números e equações sem complexidades

Fome da verdade, da honestidade, da retidão

Fome de hinos pátrios cantados por milhões de vozes!

Fome de caminhos planos

De uma direção sem o discurso mórbido das mentiras seculares!

Sem as ideologias que se perderam nas ruas trágicas da História...

Fome de paz e liberdade sem discurso algum

Fome de um mundo

Sem Hitler

Sem Marx

Sem Stalin

Sem Trotsky

Sem Soros

Sem EUA

Sem China

Sem fome de poder

Sem mentiras

Sem fraudes

Sem corrupção

Sem alma de ferro, aço, e caos

Sem a ditadura dos morcegos negros!

Fome de viver

Um caminhar simples

Um simples viver maturado pela experiência

da simples retidão

do repartir de bens

do repartir do pão

de amar meu irmão

da verdade repartida

da luz permitida iluminando os passos

e sendo tudo claro, como clara é uma manhã ensolarada.

Fome de mãos que amparem o grito

O incontido grito das bocas invisíveis

Que clamam, que oram, que suplicam

E não são ouvidos...

Eu existo, tu existe, ele existe, nós existimos!

Mas sou invisível.

Nós somos invisíveis.

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Eu tenho fome de Justiça!

...Numa existência de escravidão não percebida

Ah, esse monstro que me oprime!

Que nos caça, olhando as nossas janelas...

Que sonda as nossas vidas nas sombras das esquinas

nas praças e nas ruas...

E ouve as nossas falas...

E conta os nossos passos...

E então o silêncio domina a cidade, domina a Província.

Não quero o monstro ideológico que sempre me matou em todos os séculos

Eu só quero a liberdade e ser enxergado neste nebuloso mar

De espíritos ressequidos

De vampiros alados

De conclaves noturnos

De palavras podres

De odores fétidos

De hipnoses pandêmicas

De avenidas tortas

De túmulos enegrecidos

De vozes loucas e torpes

De mentiras derramadas.

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Eu tenho fome de uma outra história

Que pura e sonhada, uma criança escreveu.

E que os adultos chamam de utopia.

(SGV - 05/09/2021, quando os estandartes já tremulavam

sob o vento dos montes)

(este é um poema bem pobre em sua construção,

mas tem a riqueza da liberdade num planeta aprisionado)

Sidnei Garcia Vilches
Enviado por Sidnei Garcia Vilches em 14/06/2023
Código do texto: T7813513
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