Atualização do Meu Tango Predileto
Que o mundo foi e continua sendo uma porcaria,
Eu já sei bem, em 1934 e em 2023 também,
Entendo o desencanto de Enrique Discépolo.
Que sempre houve larápios, corruptos e poderosos,
Pobres e ricaços, abismo de valores, confusões.
Mas que o século XXI é uma praga de fake
News e miséria ninguém se atreve a negar.
Vivemos atolados no chiqueiro
E nessa latrina todos emporcalhados.
Hoje em dia dá no mesmo ser honesto que farsante...
Inteligente, ogro, otário, mentiroso, traidor,
Tudo é nulificado, nada se sobressai,
É o mesmo um burro youtuber
Que um bom professor,
Sem diferir, é sim senhor,
Tanto na Europa como na América do Sul.
Se um vive na fortuna o outro na pobre danação,
Dá no mesmo seja deputado,
Sindicalista ou jogador de futebol.
Que falta de novos horizontes,
Que afronta direcionada a razão,
Qualquer é um nobre senhor,
Qualquer é um poderoso ladrão,
Misturam-se Bach, Lennon e a tosca Anitta,
Peron e Macri, Vargas e o verme Bolsonaro.
Igual como na frente da vitrine
Que dá voz aos imbecis, a internet,
Esses sujeitos se misturam à vida.
Feridos por um conhecimento raso
Por chorar fuleiras filosofias
Junto de coaches e redes sociais.
Século XXI é cambalache,
Barulhento e infecundo,
O que não engana não ganha,
Quem não rouba permanece sendo imbecil.
Se é o mesmo que trabalha noite e dia
E pega fétidos coletivos como um boi,
Se é o que explora a pobreza alheia
Como bilionário, se é o que mata,
Se é o que cura ou mesmo fora-da-lei.