PROVISORIAMENTE

Provisoriamente não cantaremos o amor

Que se afastou das trovas dos solitários

Cantaremos a cegueira descrita por Saramago

Que nunca esteve tão presente

Tanta sordidez no ser humano

Em tempos de pandemia

Que chegamos a perguntar:

Deus! Onde estás, que não me respondes?!

Será este o fim dos tempos

Dos capítulos do Apocalipse?

Políticos em orgias com a desgraça do povo

Que só espera por uma simples vacina

Ou um emprego para alimentar a fome dos filhos

Mas não pense que o povo é inocente:

O que não é capaz o ser humano já citado

Para garantir seu quinhão ou seu prazer?

O HOMEM É O LOBO DO HOMEM.

Mas lá no fundo do pátio

Do corredor da rua do túnel

(Há de ter uma lâmpada no fim desse breu!)

Deus (ou o nome que tu quiseres dar)

Observa

Só pra ver até onde vai a capacidade do ser humano de fazer merda.

No final, tudo vai dar certo.

Ou então o final ainda não chegou.

Amor? Falamos PROVISORIAMENTE

Mas em definitivo ele só vai morrer

Quando todo mundo cruzar os braços

E dizer: ISTO NÃO É RESPONSABILIDADE MINHA!

*Poema escrito no auge da pandemia e publicado em um jornal comunitário de minha cidade.