O canto do negro
Você queria que eu fosse bandido, ou, então mendigo, que andasse nas ruas pronto para assaltar ou esmolar,
Mas eu sigo firme e forte e contrariando você.
Fazendo dinheiro com música,
Valorizando a cultura africana.
Meus filhos vão estudar na escola junto com os seus e não há nada que você possa fazer,
Porque os grilhões da tortura já não me podem prender.
Os homens da lei dizem que eu sou igual a você,
Seu olhar que me discrimina é o motor que me faz sobreviver.
Meus ancestrais vieram da África dentro de navio só para sofrer,
Nossas dores viraram arte que hoje encanta você,
É o samba , zumba e o reggae uma oração em forma de música para amenizar nossos sofrer.
Meu avô foi escravo e morreu torturado na senzala,
O meu pai fugiu para um quilombo para poder viver, Conheceu minha mãe numa encruzilhada oferecendo oblações para Oxóssi,
A fim de amenizar todo o nosso sofrer.
Aprendi desde cedo as histórias de africa,
Contadas com dor e amargura pelo meu ancestral,
Não será teu racismo imundo que vai me deter,
Meus ancestrais vieram de Angola trazendo a fé,
O português Branco tentou nos converter.
Uma mancha de sangue na história da minha família,
Porém minha fé não puderam corromper,
Eles queriam que eu fosse mendigo ou então assaltante,
Quem sabe então traficante ou algum ambulante,
Porém sobrevivo contando a história da África.
O canto chorado de todos os meus ancestrais,
Os meus filhos saírão da favela,
Terão bom estudo e um bom lugar para morar,
A burguesia e a polícia não podem nos parar,
Você verá preto sem matar e roubar no seu jornal,
A Senzala acabou mas a história de dor e sofrimento do povo negro ainda não teve um ponto final.