MENINOS DE RUA

É triste a dor estampada no rosto,

Do garoto que dorme no asfalto.

principes sem palácio.

São fachos de uma sociedade obscura

sem direções a tomar, produtos de prazeres vulgares,

sem espaço onde se encaixar.

A bruxa da tenra idade é a fome, a marginalidade,

a violência urbana a lhes maltratar.

Carentes, sós e doentes, que mais eles podem optar?

São olhos carentes de tudo, na face de quem nada possui,

dura lição, da cartilha que nada instrui.

São tristes personagens, que desconhecem a carochinha,

nunca ouviram branca de neve, não têm fada madrinha.

No livro da vida são apenas os moinhos de Dom Quixote.

Conhecem a vida ao avesso,

o fim antes do começo.

Não chuparam chupeta, nunca dormiram num berço.

Da vida aprendem apenas o que o dia a dia lhes ensinou.

a sentir o antônimo de nobres sentidos,

a sonhar com castelos descoloridos, a serem o nada,

o lixo, o menor infrator.

mas são apenas produtos dessa selva de pedras

com fachada de sociedade, ares de inverdade...

pura putrefação.

Crianças dormem no asfalto, no banco, debaixo da ponte

com fome e solidão...

Chupam balas de revólver e só aprendem a brincar de ladrão.

Laura Duque

Laura Duque
Enviado por Laura Duque em 29/11/2005
Código do texto: T78008