MENINOS DE RUA
É triste a dor estampada no rosto,
Do garoto que dorme no asfalto.
principes sem palácio.
São fachos de uma sociedade obscura
sem direções a tomar, produtos de prazeres vulgares,
sem espaço onde se encaixar.
A bruxa da tenra idade é a fome, a marginalidade,
a violência urbana a lhes maltratar.
Carentes, sós e doentes, que mais eles podem optar?
São olhos carentes de tudo, na face de quem nada possui,
dura lição, da cartilha que nada instrui.
São tristes personagens, que desconhecem a carochinha,
nunca ouviram branca de neve, não têm fada madrinha.
No livro da vida são apenas os moinhos de Dom Quixote.
Conhecem a vida ao avesso,
o fim antes do começo.
Não chuparam chupeta, nunca dormiram num berço.
Da vida aprendem apenas o que o dia a dia lhes ensinou.
a sentir o antônimo de nobres sentidos,
a sonhar com castelos descoloridos, a serem o nada,
o lixo, o menor infrator.
mas são apenas produtos dessa selva de pedras
com fachada de sociedade, ares de inverdade...
pura putrefação.
Crianças dormem no asfalto, no banco, debaixo da ponte
com fome e solidão...
Chupam balas de revólver e só aprendem a brincar de ladrão.
Laura Duque