O redentor do sertão
Quando o fim dos tempos era somente profecia
Surgia uma verdadeira estória santa
Aquela gente dava adeus ao mundo louco
E o barroco anunciou a chegada da esperança
Virou cordel os causos da caipora
O grito dos lobisomens que assustavam as senhoras
A mula sem cabeça escoiceava o ar
E na tora os poetas da roça tingiam o papel
Alegado milagre, Padim Ciço, anjo da liberdade
Pôs a prova que o povo esquecido
Estava sendo assistido pelo nosso Redentor
O céu molhou a terra seca do serrado
Graças à fé do cantador do nordeste
Aquele cabra que a peste do calor
Não foi capaz de dizimar o seu legado
Há quem saiba que o sangue que corre nas veias
É o mesmo que desce dos lábios do trabalhador
Foi Maria que na hora do espanto beatificou
O profeta que semeia da terra frutos de amor
É festa toda vez que se ouve a trovoada no sertão
A batida do coração se manifesta
E cada cidadão se ajoelha no chão
Oh! Meu Padim, meu padre milagreiro
Padroeiro da mãe natureza que cuida da flora
Que quando foi embora bem veinho
Deixou a lição que toda história de quem sofre não é ficção
Padre Miguel não faz milagre
Mas abre as alas na Avenida Marquês de Sapucaí
Em homenagem ao sertão do Cariri
Muito obrigado, oh! Meu Padim