O redentor do sertão

Quando o fim dos tempos era somente profecia

Surgia uma verdadeira estória santa

Aquela gente dava adeus ao mundo louco

E o barroco anunciou a chegada da esperança

Virou cordel os causos da caipora

O grito dos lobisomens que assustavam as senhoras

A mula sem cabeça escoiceava o ar

E na tora os poetas da roça tingiam o papel

Alegado milagre, Padim Ciço, anjo da liberdade

Pôs a prova que o povo esquecido

Estava sendo assistido pelo nosso Redentor

O céu molhou a terra seca do serrado

Graças à fé do cantador do nordeste

Aquele cabra que a peste do calor

Não foi capaz de dizimar o seu legado

Há quem saiba que o sangue que corre nas veias

É o mesmo que desce dos lábios do trabalhador

Foi Maria que na hora do espanto beatificou

O profeta que semeia da terra frutos de amor

É festa toda vez que se ouve a trovoada no sertão

A batida do coração se manifesta

E cada cidadão se ajoelha no chão

Oh! Meu Padim, meu padre milagreiro

Padroeiro da mãe natureza que cuida da flora

Que quando foi embora bem veinho

Deixou a lição que toda história de quem sofre não é ficção

Padre Miguel não faz milagre

Mas abre as alas na Avenida Marquês de Sapucaí

Em homenagem ao sertão do Cariri

Muito obrigado, oh! Meu Padim

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 26/05/2023
Reeditado em 08/06/2023
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