O AFAGO DA LOUCURA

Ela vive na rua.

Vive jogada ao léu, mas parece trazer nos olhos alguma coisa pura. Muito pura.

Que loucura!

Eu a vi um dia, noutro e noutro...

E fui me apegando àquela mulher.

Fui observando mais seus gestos.

Seus olhares.

Ela me cumprimenta quando passo por ela.

Deve cumprimentar a todos que passam.

(Fazemos parte do mundo dela)

Os transeuntes, os veículos. O apito do guarda, a chuva repentina.

Será que ela se esconde a tempo?

E quando o frio está de matar. Ela consegue se abrigar?

Eu fico pensando o que ela pensará de tudo que a rodeia.

Ou não pensará?

A droga, o mundo da rua lhe tirou a razão?

Há horas que eu penso que sim e horas eu penso que não.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 15/12/2007
Reeditado em 12/04/2011
Código do texto: T779679
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