O AFAGO DA LOUCURA
Ela vive na rua.
Vive jogada ao léu, mas parece trazer nos olhos alguma coisa pura. Muito pura.
Que loucura!
Eu a vi um dia, noutro e noutro...
E fui me apegando àquela mulher.
Fui observando mais seus gestos.
Seus olhares.
Ela me cumprimenta quando passo por ela.
Deve cumprimentar a todos que passam.
(Fazemos parte do mundo dela)
Os transeuntes, os veículos. O apito do guarda, a chuva repentina.
Será que ela se esconde a tempo?
E quando o frio está de matar. Ela consegue se abrigar?
Eu fico pensando o que ela pensará de tudo que a rodeia.
Ou não pensará?
A droga, o mundo da rua lhe tirou a razão?
Há horas que eu penso que sim e horas eu penso que não.