Ah, se ele pudesse arrematar as flores,

sentir o suave perfume de suas pétalas

como prêmio delicado da estrada que já percorreu...

 

Idílico pensamento de um ser em odisseia,

que, do alegre e humano,

resta a alma que há em si.

 

Ele, caverna sem fim,

mar turvo do caos humano,

machuca-se com a flor da vida que escolheu.

 

Atira, já párea e presente nos ares,

desordem dissonante

que desmorona-o,

como quem põe abaixo um Coliseu.

 

Seu coração triste,

seu coração ermo,

abismo sem fim,

como a alma que há em mim.

 

Quisera apanhar no colo pedaços do seu pensamento,

ninando-os em meu peito,

com canções que o tranquilizassem no fim.

 

Quisera, já pálido e refletido nos mares,

apanhar o brilho dos seus olhos que, por descuido ou maldade,

em vários lugares,

ante a tudo, se perdeu.

 

Ah, se ele pudesse amar os sonhos novamente,

vivê-los com tamanha intensidade

que os tornasse a mais pura realidade...

 

Viveria como o pólen das flores

levados ao vento,

E que ao acaso novamente florescem,

fazendo de si,

um novo ser a brotar sob o céu que não lhe protegeu.

 

Mesmo assim,

mesmo contra tudo,

o que lhe faz renascer é que ele hiberna na alma

e quebranta na calma,

convertendo em ideias toda dor que já sofreu.

 

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Oscar Calixto
Enviado por Oscar Calixto em 20/05/2023
Reeditado em 30/06/2023
Código do texto: T7792677
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