NOTURNAS II

NÃO TENHO PALAVRAS PARA DESCREVER O QUE SINTO.

TODO O VAZIO ESTÁ REPLETO DE SONS.

ATÉ OS GRILOS CHORAM LÁ FORA,

E OS VENTILADORES ENCHEM O AR DE VIBRAÇÕES.

A NOITE ESTÁ QUENTE, OS TEMPOS TAMBÉM.

DO FUNDO DE MIM BROTAM PALAVRAS:

REVOLTA,

SOFRIMENTO,

SAUDADES,

TRAIDORES,

JUSTIÇA,

REVOLUÇÃO....

UMA VONTADE DE FALAR,

(MAS NÃO SOU PANFLETO)....

DE GRITAR,

(MAS NÃO TENHO MAIS VOZ)....

DE CHORAR,

DE LUTAR....

MAS, NA SOLIDÃO DA NOITE

AS PALAVRAS SÃO ECOS PERDIDOS...

E AS CORDAS DO MEU VIOLÃO

FALAM MAIS DE MEU CORAÇÃO.

1988.