Saudade - Veredas
recluso pela imagem do passado
prisioneiro da fantasia no futuro
a saudade é carcereira do exilado
a solidão é a cela do verso escuro
forçado a recordar aquele rosto
e obrigado a vislumbrar o sorriso
no travesseiro triste e sem gosto
da angústia do pranto desse siso
largado para viver no desespero
e sozinho na dor dum esquecido
o infeliz humano ver no exagero
a resistência do coração abatido
condenado a lembrar dessa face
é constrangido a velar essa ação
no quarto da agonia do impasse
de um remorso fincado na razão
a gota viril é o descanso do vivo
os olhos são símbolos dos filhos
nas lágrimas que lavam o cativo
porta de escape do maltrapilho
De Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista