SEM PÁTRIA

Esta sou eu, estática.

Paro e deixo que me olhem

pois minhas palavras são vãs.

Esta sou eu agora: - monocromática!

 

No entanto, estou viva.

Olhe nos meus olhos.

Escute minha respiração.

Preste atenção no que não digo.

 

Calo-me diante da sua omissão.

Calo-me diante da sua frieza.

Calo-me diante deste poder podre.

Calo-me diante de crianças com fome e choro.

 

País de gente sem Deus!

Que desonra amigos, filhos e pais.

Depois gritam por justiça. Farsa!

Saiam povo do escuro e digam não ao obscuro.

 

Quero meu corpo como estátua na praça

gritando em silêncio. O meu suor em gotas

escorrendo até os meus pés cheios de calos,

de tanto andar errante pelas ruas cegas de fumaça.

 

Vocês achando loucura a minha dor tão nua

e eu achando a lucidez de muitos pura usura.

Não quero pão! Quero poder andar livre e

sem medo de perder a vida pelas esquinas surdas.

 

Estou sem nação, sem pátria e com alma ferida.

Quero homens como JESUS, Gandhi ou Mandela

a exercer a política da justiça com brandura.

Assim, já não estarei mais nua e colorir-me-ei toda!

 

No entanto, hoje sou pranto.

Sou palavra muda em mim.

Daqui desta praça vejo tudo.

Digo muito, sem nada falar.

 

Nação corrupta, não fugirei da luta.

Aquele que for Humano, ouça a minha voz tão muda.

Vamos fazer valer, o que o Mestre desejar

e assim teremos uma nação, um lar.

 

Quem sabe um dia a gente chegue lá!

 

Kátia Storch Moutinho