Nada
segue o vento esse homem
traz o seu vaticínio sozinho
no vazio de uma linguagem
rasgada na ideia do carinho
esse ser faminto de emoção
ver no vácuo o único refúgio
para viver na dor da solidão
sem chance pra subterfúgio
aquela inanição da criatura
vem de um sentimento oco
afixado no ego pela cultura
pra impor todo tipo de foco
esse ente cheio de tradição
tem na lacuna o seu reduto
para conviver com a divisão
da vida que vai num minuto
então é sobreviver ao nada
fazer coisas iguais todo dia
e mesmo na diferença dada
acertar mais um alvo na via
De Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista