DIÁRIO DAS MARGARIDAS

Cap. 1

De volta ao campo

para onde costumo vir como fuga, a esquecer os pensamentos tortuosos

Ou apenas, esvaziar-me da ondulada dor.

Como de costume ao livre tomo o chá pela manhã, e tarde!

Sobre a mesa um bloco de anotações e caneta,

Enquanto observo o desalento em algumas mulheres da vizinhança

Uma ou outra arrisca um triste aceno, outras nas suas tarefas, caseira, e outra sentada na calçada como se esperasse que algo diferente fosse acontecer naquele dia amargo.

E, há aquelas na mesa do bar entorpecida, só para não sentir 'asco' da noite prometida.

Posso dizer que nelas, nas suas vidas havia um pouco de mim.

De alguma forma eu aprendo com tudo isso

A encontrar meu eu, ou perder-me de vez.

Enquanto eu buscava estar só, mais me tumultuava a mente com os problemas de cada uma

E como discurso de alta ajuda, ou, uma associação anónima das mulheres infelizes

Mulheres, e também ex-mulheres de homens que não sabem amar.

E o meu chá passou a ser compartilhado com elas ao ar livre!

"Num" encontro onde contávamos as nossas histórias um tanto pesadas!

As margaridas que eram estupradas na infância, e agora por seus parceiros

Margaridas que apanham diariamente após a bebedeiras que os encorajam

Outras abandonadas após terem os seus tantos filhos,

eles foram viver as orgias, para não mais voltar ao lar

E aquelas que apenas namorou.

Algumas já havia tentado, ou pensou no suicídio como um findar:

Outras, a decepção já não as deixa suportar os homens,

E preferiram viver em companhia de outra mulher,

pois assim, se viram melhores, de ser entendidas:

E eu ali no meio da fraternidade anónima a conduzir as falas, os conselhos,

Mais, com o rombo no peito de tanta desgraça, pois já não acredito no caminho do amor, ou, que um homem possa ter consciência do quanto uma mulher é especial, e tudo que ela do'ou, ao entregar a sua vida.

Essas mulheres apenas querem ser amadas, sentir de verdade um homem que seja marido, amigo e amante!

Mais conheceram no seu amor, os espinhos da ingratidão.

Eu ficava ali imaginando o mundo pequeno para tanta desgraça'

Queria ajuda-las de alguma forma, e ajudar-me também!

Enfim, gostaria que do anoitecer, até o manhã, ou a tarde, ouvir uma boa notícia:

Que um homem deste, tivera chegado em casa com bouquet de flores, arrependido, um jantar, e um café juntos, uma cama de rosas, e todos aqueles brinquedinho fantasiosos encima dela!

E tudo fosse mudado pelo amor real!

Como mágica?

Mais enquanto não vejo o milagre escrevo cartas anónimas para eles, sem elas saberem!

E um livro de memórias bizarras de homens que não sabem amar.

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Lei 9.610/98

Aurora(Regina Ferreira)

Livro Social: Diário das Margaridas

30/01/2021

Hás: 05:12

País Brasil RJ