Bala

quando criança era só um confete

tornava a vida mais doce e alegre

e a gente fazia tudo pelo banquete

a guloseima até realizava milagre

porque todo garoto ficava quieto

pra ganhar um agrado açucarado

tinha sempre um ritual completo

birra e choro por um caramelado

mas então o menino virou adulto

e a bala deixou de ser essa doçura

ficou amarga na memória do vulto

mudou todo o sentido da ternura

agora a lágrima é pela dor do ferro

esse fel chegou para alterar o afeto

dessa inocência perdida nesse erro

de que o mel seria o eterno projeto

enquanto essa sociedade machuca

na maioridade um recente cidadão

a lembrança dessa infância caduca

na troca daquela açúcar pelo ferrão

De Marcondes Schifter

Poeta & Jornalista

MarcondeSchifter
Enviado por MarcondeSchifter em 04/04/2023
Código do texto: T7755708
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