Bala
quando criança era só um confete
tornava a vida mais doce e alegre
e a gente fazia tudo pelo banquete
a guloseima até realizava milagre
porque todo garoto ficava quieto
pra ganhar um agrado açucarado
tinha sempre um ritual completo
birra e choro por um caramelado
mas então o menino virou adulto
e a bala deixou de ser essa doçura
ficou amarga na memória do vulto
mudou todo o sentido da ternura
agora a lágrima é pela dor do ferro
esse fel chegou para alterar o afeto
dessa inocência perdida nesse erro
de que o mel seria o eterno projeto
enquanto essa sociedade machuca
na maioridade um recente cidadão
a lembrança dessa infância caduca
na troca daquela açúcar pelo ferrão
De Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista