Três conhaques
Micro poemas
De macro temas
Ou macro problemas
Em micro poemas?
Tanto faz!
Quando o amor chega,
O ódio jaz!
E faz da indiferença pó
Que se abriga no nó da garganta
Antes do soluço incontrolável
Do Carente de pão
Do carente de agrado
Que, por certo, só pede o direito
De se nutrir, de existir
É micro ou é macro?
Não sei, mas é fato!
Onde perscruta meu pensar
Quando sente que diferentes
Mundos me abrigam
E obrigam-me a fazer-se
De patrão a empregado
De comandante a comandado
Uma faca de dois gumes
Que sangra e salva o mesmo
Ser profano e sagrado?
Por dentro se esconde um eu
Que, por vezes, a aparência nega
Mas que se entrega nos detalhes
No riso pela metade
No gesto bom em maldade
No coração vazio do ser em si
Na falta de sinal de esperança
Única chance do fazer-se
Aqui paraíso!
Se é da essência a carência
Qual diferença entre
A fome, a sede e o frio
O divagar, o sonhar, ou o voar
Sair da casinha na mesa do bar?
Tudo é humana (de) pendência
A grandeza e a pequenez é
Prerrogativa de quem vive
Não de quem vê
Só ele o sabe
Só ele o crê !
Preciso!
Insisto!
Invisto!
É nisto que acredito
Num mundo onde
O macro é, antes, micro
E o micro aceita o rito
De ser parte-construção
De um todo infinito!