Mendigo
vaga todo tempo na rua escura
viaja toda noite na avenida fria
vaga naquela sombria vida dura
viaja pela estranha mente vadia
sem uma casa onde possa dormir
e falta a capa pra tentar se cobrir
muito menos esse pão para pedir
esse cidadão sem nada pra dividir
sai catando na sobra esse largado
seus restos estão aqui esquecidos
sai balançando o ego abandonado
seus sacos de lixos enfraquecidos
o rapaz árido não tem pra onde ir
o áspero não tem pra onde voltar
o guri ríspido não tem pra quem ir
o severo não tem para onde voltar
para por aí no roteiro da solidão
anda para lá com toda depressão
para por ali sofrendo a opressão
anda para cá em sua abominação
De Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista
Reedição do poema Mendigo.