Tecnomazela
manhã de mágicos portais
infinitamente trágicos
das telas esquálidas,
o escape luminoso
monitores de hipnose mostram
notícias reais em tempo real
um jotapegê confere veracidade
ornamenta a dureza do texto
a janela de se ter o mundo
restrito, em alta resolução
tecnomazela, globalização
faz-se bruxa-fada, tudo e nada
a janela de se ver o mundo,
esta porta-estandarte charlatã
é puro delírio, cio de febre terçã
a maçã que é isca à danação
o uivo da raposa em sua ópera
um safári, garimpo do cromo
não matou a charada? Não?
pois ela, em si, vai te matar
o mel na ampulheta escorre
espera, alhures, sua erudição
a interpretação do código,
a compilação do entendimento
interesse não é doença, certo?
desmesura informacional, sim
a falsidade é hors concours
mon amour, vem de brinde
braçadas e injúrias inúteis
nas caixas de comentários
dedos medianos em riste
open bar de alpiste, alfafa
psicóticos comem farofa fá
qu'est que c'est? o que é isso?
fa-fa-fa-fa, fa-fa-fa-fa-fa-fa
é melhor correr, correr muito
um maremoto de ondas dúbias
e a calma de alguns banhistas
são pistas do fim dos tempos?
a boia do intelecto anda escassa
antas se afogam no raso,
uma praia lotada observa
o cochilo do salva-vidas,
o oceano mastigando pedras
com água e corda no pescoço
o poeta bissexto se esforça,
agarra-se à nau salvadora
de um contexto aborrecido
era sabido este épico naufrágio
do sentido em doses amplas
temperos artificiais saborizam,
o futuro e a inteligência
mimetizam o personalismo
apaixonado, apaixonante
plagiam o valoroso diamante
imperfeito, audaz e bruto