Tecnomazela

manhã de mágicos portais

infinitamente trágicos

das telas esquálidas,

o escape luminoso

monitores de hipnose mostram

notícias reais em tempo real

um jotapegê confere veracidade

ornamenta a dureza do texto

a janela de se ter o mundo

restrito, em alta resolução

tecnomazela, globalização

faz-se bruxa-fada, tudo e nada

a janela de se ver o mundo,

esta porta-estandarte charlatã

é puro delírio, cio de febre terçã

a maçã que é isca à danação

o uivo da raposa em sua ópera

um safári, garimpo do cromo

não matou a charada? Não?

pois ela, em si, vai te matar

o mel na ampulheta escorre

espera, alhures, sua erudição

a interpretação do código,

a compilação do entendimento

interesse não é doença, certo?

desmesura informacional, sim

a falsidade é hors concours

mon amour, vem de brinde

braçadas e injúrias inúteis

nas caixas de comentários

dedos medianos em riste

open bar de alpiste, alfafa

psicóticos comem farofa fá

qu'est que c'est? o que é isso?

fa-fa-fa-fa, fa-fa-fa-fa-fa-fa

é melhor correr, correr muito

um maremoto de ondas dúbias

e a calma de alguns banhistas

são pistas do fim dos tempos?

a boia do intelecto anda escassa

antas se afogam no raso,

uma praia lotada observa

o cochilo do salva-vidas,

o oceano mastigando pedras

com água e corda no pescoço

o poeta bissexto se esforça,

agarra-se à nau salvadora

de um contexto aborrecido

era sabido este épico naufrágio

do sentido em doses amplas

temperos artificiais saborizam,

o futuro e a inteligência

mimetizam o personalismo

apaixonado, apaixonante

plagiam o valoroso diamante

imperfeito, audaz e bruto

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 13/03/2023
Código do texto: T7739561
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