A CIDADE ENGARRAFADA
A CIDADE ENGARRAFADA
Rangel Marques
a cidade engarrafada
de manhã à tarde e nas madrugadas
com seus problemas geomatemáticos
sem a presença de espaços
por áreas concretamente ocupadas
veículos nas ruas, e nas calçadas
vão tartarugando em rebanhos de paciência e boiada
a cidade de pressas tomadas
buzinas de gritos e trombones tocadas
barulho orquestral diversificado numa dança de zuadas
orquestras sinfônicas sem maestros tocando desafinadas
num sobe e desce de notas
na pauta da poluição executadas
não se escuta mais os cantos dos pássaros,
em suas alegres revoadas
a cidade sem a natureza, vive agora de concreto armada
colunas de arquiteturas, com cimento e ferro desenhadas, esculpida em cinzento desbotado no gargalo da garrafa
para onde quer ir esta cidade?
de ruas tão paradas,
de parques sem flores,
de paisagens desoladas
tomando o espaço e expulsando os passantes das calçadas
a cidade dantes verde, de flores e aves emplumadas, agora pela poluição do monóxido de carbono borrifada
o que fizeram contigo, minha cidade amada?
quem me dera ter a pedra certeira
para quebrar as tuas asas
e libertar o teu gênio que mora
dentro desta garrafa