Cotidiano
dia após dia e a mesma via
então tudo parece normal
e estranho é essa fantasia
o diferente é sempre igual
zombaria ou ironia da sina
o diário corriqueiro da ida
volta no hábito da esquina
do ordinário nessa avenida
esse jeito esquisito regular
traz nessa sociedade banal
a vida simples pra recordar
dessa frequente lida trivial
brincadeira ou sátira do fado
é usual discordar do comum
mas concordar com o errado
aparenta algo bem incomum
noite atrás de noite e nada
é tão habitual um anormal
naquela cidade toda zoada
pelo prosaico caráter geral
De Marcondes Schifter
Poeta & Jornallista