A Música Que Habita Meus Ouvidos

Hoje, na dita música popular,

Só existem ouvintes para canções

Que apenas balançam as ancas

Em ridículas danças de pop, axé e funk?

As tardes são gastas em repetitivas músicas

De amor berradas por duplas sertanojas?

Meus ouvidos,

Minhas ondas sonoras

Não suportam arte para entorpecer,

Animalizar, bestializar na ordem vigente...

Longe de mim este quadro de limitações.

Abrindo os ouvidos para outros tons,

A instigante música desce nas montanhas em criativas letras.

Na fina pedra da crítica desafia as

Convenções sociais de sua época.

As melodias do violão, os versos do refrão

Devem ser mais que entretenimento,

Devem dizer algo a mais...

Espelhar de forma reflexiva a realidade

Para alterá-la, acordar os dispersos

Para o caótico mundo em que vivemos.

Nessa toada,

Na canção brasileira quero romper

As amarras da mesmisse,

Ultrapassar as barreiras radiofônicas,

Reescrever com Belchior o que interessa mais:

As palavras de amor e mudanças

De um jovem vindo do interior.

Libertar dos currais o admirável gado novo

Na potente voz de Zé Ramalho.

Apagar o fogo ingênuo das paixões com Fagner,

Revitalizar o sertão no frevo espelho cristalino de Alceu Valença.

Amadurecer, semear o amor da cabeça aos pés

No samba-choro-roquificado dos Novos Baianos.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 28/02/2023
Código do texto: T7729615
Classificação de conteúdo: seguro