Estranho
um sujeito é suspeito na vida
o cidadão sem nação na ideia
essa pessoa ecoa na avenida
a criatura se segura na boleia
enquanto a cidade dorme
um estranho vaga pela rua
outro acorda de uniforme
esse cochila abaixo da lua
labuta quem sustenta o filho
escuta a dor que vem da casa
disputa na mesa aquele milho
chuta esse balde com a brasa
adormecida está a piedade
gente que sofre dificuldade
o ente fora dessa sociedade
uma alma nessa banalidade
descansa a mão na esperança
larga a ilusão com sobrecarga
balança a porção da mudança
alarga essa noção de descarga
Marcondes Schifter
Poeta&Jornalista