O fruto
trazia em si
a esperança:
mais tarde, quando crescesse...
O invólucro do fruto
era a mulher
jovem e magra,
esquelética mesmo,
de ventre enorme
e faces encovadas
pela
subalimentação
Seus membros
eram cabos frágeis
simplesmente
cobertos
de pele lisa
porque ela era jovem
E o fruto
viu a luz do dia...
fenómeno estranho
que apenas o tocou
por escassos meses:
Leite,
a mãe não o tinha
... já nenhuma mãe o tinha!
Experimentaram dar-lhe ervas,
experimentaram dar-lhe terra,
mas foi a terra que o quis.
Com o filho,
foi-se a esperança
num grito de dor
sufocado.
E a mãe
não mais comeu ervas;
e a mãe
não mais comeu terra
...Foi a terra que a comeu!
Este poema foi escrito aquando das guerras e fomes do Biafra, anos sessenta.
A foto foi tirada no Sudão em 2004.
No desespero da arrogância de alguns e da impotência de tantos outros,
Seja Natal,
em todo o mundo!