O Lodo

Há tanto ódio,

Que entorpece a platéia.

Novo episódio,

Arma,

Fogo,

Sangue,

E vela.

Atinge o próximo,

Seguem causando sequelas.

Vida real,

Nem teatro,

Nem novela.

Servem mentiras,

À la carte,

Há clientela.

E os boatos,

Viram fatos,

Soltam as rédeas.

Sempre é mais fácil,

Já vem pronta,

Ao gosto dela.

E lambem o prato,

Quase comem a tigela.

Culpam indígenas,

E o povo da favela.

Desejam a morte,

Como em ato de comédia.

E seus valores,

Se escondem,

Em vielas.

Carregam o livro,

Mas só lê,

O que interessa.

E em coleiras,

Se comportam,

Iguais cadelas.

Pensam por eles,

E há ração,

Pra que razão?

Há falta dela.

Há um deus entre os irmãos,

Se alimenta da oração,

Peca,

E depois pede perdão,

E sob o púlpito,

Prega a desunião,

Diz o nome,

A palavra é em vão,

Movimenta a legião,

E promete a salvação.

No lodo há esperança.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 01/02/2023
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