O Lodo
Há tanto ódio,
Que entorpece a platéia.
Novo episódio,
Arma,
Fogo,
Sangue,
E vela.
Atinge o próximo,
Seguem causando sequelas.
Vida real,
Nem teatro,
Nem novela.
Servem mentiras,
À la carte,
Há clientela.
E os boatos,
Viram fatos,
Soltam as rédeas.
Sempre é mais fácil,
Já vem pronta,
Ao gosto dela.
E lambem o prato,
Quase comem a tigela.
Culpam indígenas,
E o povo da favela.
Desejam a morte,
Como em ato de comédia.
E seus valores,
Se escondem,
Em vielas.
Carregam o livro,
Mas só lê,
O que interessa.
E em coleiras,
Se comportam,
Iguais cadelas.
Pensam por eles,
E há ração,
Pra que razão?
Há falta dela.
Há um deus entre os irmãos,
Se alimenta da oração,
Peca,
E depois pede perdão,
E sob o púlpito,
Prega a desunião,
Diz o nome,
A palavra é em vão,
Movimenta a legião,
E promete a salvação.
No lodo há esperança.