Matéria prima
Um pedaço da poesia
Pode estar em nossa ipê,
Se das trevas nasce o dia
Minha lira ninguém vê.
Outro pode estar além
Como aceno da saudade
Na janela cujo trem
Leva o amor para a cidade.
Pode estar no turbilhão
Do trabalho costumeiro
O caminho a solução
A tornar santo o dinheiro.
Pode estar no voto pleno
Pela língua dos hebreus
A que o dia seja ameno
“ide em paz sempre com Deus.”
Pode estar no riso farto
Da mulher que a dor esquece
Em virtude do seu parto
Novo alento à terra desce.
Entre coisas espalhadas
Em silêncio tagarela
Entre histórias registradas
A verdade atesta vela...
Na caneta declinada
Sobre a folha conivente
Cuja rima foi tirada
À matéria do presente.