Chimpanzé de Experimento Social
Se por acaso chamarem-me de macaco
Estejas certo; dois processos se abrirão
O meu eu abro pela alcunha racista
E o do macaco, ele abre por difamação
Macaco novo quer comer fruta madura
Abrigo e sombra para ver chuva passar
Macaco tem muito medo de tempestade
Deus nos acuda se sua TV queimar
Macaco eu, macaco tu
Macaco eu, macaco tu
Macaco novo vai puxar rabo de onça
Jovem levado, finge que é macaco-aranha
Macaco velho observa de outro galho
Sabendo que a onça, um dia, o apanha
Macaco novo prendeu a mão na cumbuca
Contou pra todos que seria um bom negócio
Macaco velho já conhece a armadilha
Já não confia nem na sombra e nem nos sócios
Macaco eu, macaco tu
Macaco eu, macaco tu
Macaco gosta de contar muitas vantagens
Se tem plateia, os seus feitos se agigantam
Macaco falso fala mal do amigo ausente
Mas se ele chega se abraçam e juntos jantam
Macaco agora ambiciona ser prefeito
Beija o povo e pega bebê no colo
E lá de baixo a onça olha e lambe o beiço
Macaco gordo quebra o galho e vem ao solo
Macaco eu, macaco tu
Macaco eu, macaco tu
Macaco sonha e faz planos pra ficar rico
Vai viajar e vai sair do anonimato
Mas não percebe o desconto "outras despesas"
Letras miúdas no rodapé do contrato
Macaco agora resolveu ficar famoso
Deixar sua marca indelével no futuro
Mas se ele entra na internete se deprime
Se vê gota d'um oceano frio e escuro
Macaco eu, macaco tu
Macaco eu, macaco tu
Macaco nega mas tem muitos preconceitos
Macaco nega e julga o livro pela capa
Macaco ouve mas não atenta no que é dito
La vai macaco tomar, da vida, um tapa!
Macaco inspira; saudades do paraíso
De terno quente, trem lotado da Central
Macaco amigo, o inferno são os outros
Mas para os outros você também causa mal
Macaco eu, macaco tu
Macaco eu, macaco tu