Pária armada
Ouviu do Congresso o espelho d'água
Dos polifóbicos o brado intolerante
E sol, da atrocidade, empreendeu fuga
Se ocultando atrás do nimbo nesse instante
Se o rancor pela diversidade
Se atreveram a expressar com braço forte
Em teu seio, ó impunidade
A covardia enreda do direito a morte
Da pária armada, inconformada,
Deus nos salve!
Brasil, um assombro imenso, um pranto aflito
Do terror que só avança o pavor cresce
Se em tenebroso céu, medonho domingo
A suástica mais que a estrela resplandece
Pedantes que devastam a natureza
Flagelos de morte ávidos em carne e osso
Ao futuro espelham uma só certeza:
Terra arrasada!
Entre outras mil, és tu Brasil a mais assolada
Dos filhos deste solo és madrasta hostil
Pária armada do Brasil!
Depredado raivosamente o Supremo
Do estilhaçar ecoa n'alma um fel profundo
Repulsas à agressão por toda a América
Condenado o terrorismo em todo o mundo
Quando se encerra a eleitoral corrida
Os bisonhos extremistas perdedores
Tramam o golpe, em mais uma investida
Pra tentar impor à força vãos valores
Da Pária armada, encolerizada,
Deus nos salve!
Brasil, de rubor eterno seja símbolo
A barbárie que atenta contra o Estado
E sigam dos tesouros as reformas
Pro futuro ter memória do passado
Mas frente à cobiça de sul a norte
Teus filhos querem união em vez da luta
E temem o abandono à própria sorte
Guerra anunciada!
Estado febril, vive o Brasil: paz ameaçada!
Teus filhos ao solo, com tiros de fuzil
Pária armada do Brasil!