Muros do higienismo

Um passeio na cidade

Implica em observar

Muros e cercas elétricas

E eu não deixo de pensar:

É prédio ou uma prisão?

Me sujeito a indagação

Mil coisas penso ao olhar

 

Grades, muros, muros feios

Vítimas do intemperismo

Moradores prisioneiros

Entre um social abismo

Que os separam das favelas

Que são vistas das janelas

Um vexatório egoísmo

 

Disfarce de segurança

Mundinho com distopia

Eles mesmos se enganam

Deviam ler mais poesia

Arremendo de prazer

Pasteurizado lazer

Uma mórbida alegria

 

Nas favelas sem comida

Ecoam sons estridentes

Muitas vozes em uníssono

Cantam e dançam contentes

Alegria ou euforia

Miséria com melodia

Desgraças onipotentes

 

Luxuosos condomínios

Viraram reais prisões

Políticos prisioneiros

Dentro de suas mansões

Cadeia no domicílio

Que lhes mantém em exílio

E o povo preso em grilhões

 

Afasta de ti esse cálice

Não cale-se frente o mau

Se tu cultivas o abismo

Atraí dor abissal

Vai colher o que plantou

Semente que semeou

Uma sansara ancestral.

 

Vivian Lissek

Vivi Lissek e Jessé Ojuara
Enviado por Vivi Lissek em 02/01/2023
Código do texto: T7685230
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