Pós Natal

Enfim chegou pós natal

Guardo minha fantasia

Meu amor vai hibernar

Ignorar toda agonia

Isso por mais um longo ano

Bem camuflo a hipocrisia

 

Hoje ainda empanturrado

Depois da tal comilança

Lhe confesso que nem sei

Se vou subir na balança

Vou tomar um Sonrisal

Sem culpar tanta lambança

 

Pra onde foi minha empatia

Resurge cara amarrada

Dou as costas pra miséria

Eu não ligo mais pra nada

Ho ho ho e Jingle bells

Volta ser uma piada

 

A bondade ocasional

Minha culpa aliviou

Eu fecho o vidro do carro

Esmolas hoje não dou

Eu ja fiz a minha parte

E foi Jesus quem mandou

 

Enoja-me a triste farsa

E bondade de fachada

Ver gente que são mesquinhas

Falando frase ensaiada

São milagres do Natal?

Ou só falsa presepada?

 

Cadê Deus onipotente

Que esquece menino pobre

Será que está com Alzheimer?

Ou só lembra gente nobre

Em casa de favelado

Falta pão e não tem cobre

 

Mas se você não comer...

Não vai ganhar um presente

Filho de pobre mal come

Tá explicado, então gente!

Da triste realidade

Tão perversa e comovente

 

Em todo ano a mesma coisa

Eu não quero ver de novo

Para o rico bom filet

E para o pobre falta ovo

Por que essa desigualdade?

Eu pergunto e me comovo

 

Mas apenas comoção

Nunca vai mudar o mundo

É preciso mais ação

Também olhar mais fecundo

Por hora faço poesia

Com sentimento profundo.

 

 

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 26/12/2022
Reeditado em 26/12/2022
Código do texto: T7679995
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