Felicidade Virtual

Tão uniformizados estão os desejos

E virtualizados a capacidade de concretiza-los.

São diversas as informações, gigas de memórias,

Mas confusas as possibilidades de reais vivencias.

Emulam a vida em muitos aplicativos, processadores,

Mas poucos a experimentam sem incluir crescente alienação.

Um mundo virtual com peças bem planejadas:

Youtubers anunciam receitas de sucesso,

Blogueiras do fim do mundo fossilizando futilidades

Que massificam as experiências em repetidas selfies narcisistas.

No tabuleiro das relações humanas fabricam potentes equipamentos

Que alargam o fosso de palavras entre os homens.

A tecnocracia virtualiza como estranho jogo todas as emoções.

Como velhos smartphones os amantes se tornam produtos descartáveis,

O amor líquido precisa ser degustado e rápido em novos lábios.

A tinderização de bustos e coxas incute nos falos o intenso passeio

Em diversas geografias femininas sem nenhuma culpa ou remorso.

E as e-tribos não param de brotar nas esquinas de redes sociais:

Incels, ancaps, terraplanistas, identitários, coaches, sugar babies,

Que enorme preguiça eu tenho dessa Babel pós-moderna.

Carrego comigo a sensação de ser um homem de outros tempos:

Um bárbaro da Antiguidade, um ermitão do século XIX

Que ainda não pariu em seu crânio as cantigas de felicidade

Dessa gente que arrota good vibes em posts e comentários

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 05/12/2022
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