As Maravilhas da Reforma Trabalhista
Um homem como
Burro de carga
Trabalha num estreito
Espaço de frituras em um fast food.
Miserável, necessitado,
Veste luva e uniforme
Para ganhar pífios 4,45 reais
A hora trabalhada, a mais valia sacralizada.
Um combo composto de sanduíche, fritas
E refrigerante, montado por esse homem,
É vendido por 30 reais, a maravilha gourmet do capital.
Mas esse ser que pega ônibus lotado,
Come marmita na rapidez do dia,
Não consegue em cinco horas de labor comprar
Um mac-câncer feliz para empanzinar o estomago.
No final do ano, exposto ao limite do trabalho,
Sem receber vários benefícios,
Vive a humilhação de ser demitido,
Sem carteira assinada e entubado na terceirização.
Enquanto definha na desgraça do desemprego,
A putrefata língua dos empresários
Enaltece a reforma trabalhista operada no país...
A máscara da miséria que corta o cordão umbilical
Do trabalhador com qualquer traço de direitos e civilidade.
A bem-criada classe média, insana batedora de panela,
Aquela que tanto bostejou elogios a mudança patronal,
Agora procura subempregos para tentar manter seu padrão de vida.
Entre os que esfregam chão, lavam latrinas e limpam merdas de bebês,
Restam a subumanidade, a mágica de viverem com menos de quinhentos
Reais para comerem feito boias frias e arcarem com pestilentos alugueis.