As Maravilhas da Reforma Trabalhista

Um homem como

Burro de carga

Trabalha num estreito

Espaço de frituras em um fast food.

Miserável, necessitado,

Veste luva e uniforme

Para ganhar pífios 4,45 reais

A hora trabalhada, a mais valia sacralizada.

Um combo composto de sanduíche, fritas

E refrigerante, montado por esse homem,

É vendido por 30 reais, a maravilha gourmet do capital.

Mas esse ser que pega ônibus lotado,

Come marmita na rapidez do dia,

Não consegue em cinco horas de labor comprar

Um mac-câncer feliz para empanzinar o estomago.

No final do ano, exposto ao limite do trabalho,

Sem receber vários benefícios,

Vive a humilhação de ser demitido,

Sem carteira assinada e entubado na terceirização.

Enquanto definha na desgraça do desemprego,

A putrefata língua dos empresários

Enaltece a reforma trabalhista operada no país...

A máscara da miséria que corta o cordão umbilical

Do trabalhador com qualquer traço de direitos e civilidade.

A bem-criada classe média, insana batedora de panela,

Aquela que tanto bostejou elogios a mudança patronal,

Agora procura subempregos para tentar manter seu padrão de vida.

Entre os que esfregam chão, lavam latrinas e limpam merdas de bebês,

Restam a subumanidade, a mágica de viverem com menos de quinhentos

Reais para comerem feito boias frias e arcarem com pestilentos alugueis.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 03/12/2022
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