Este mundo vai ruir

Que este mundo vai ruir

Já não é mais uma ciência de apenas alguns senhores.

Em todas as partes

As massas mais famintas do campo e da cidade

Sabem que o estado das coisas é insustentável.

Nas mais pútridas masmorras do velho Estado

Entopem de gente semianalfabeta e com raiva

São porões para onde se mandam os esquecidos, os açoitáveis, e os que ousam se levantar contra essa embrutecida velha ordem

Na Avenida Brasil, de ponta a ponta, desalmados perambulam a procura da pedra mais barata.

Se entorpecem para que a realidade não seja mais tão assombrosa e vil

A lei da “natureza”, no entanto, sempre alcança estes

Aliás, são Silvas e não Albuquerques.

Enquanto que, por medo,

avançam os águias, os caveirões, e os fuzis da polícia

Uma legião de despossuídos, proletários e revoltados também seguem em frente

No entanto, por sede de justiça.

A velha picuinha sobre o todo-poderoso Estado

Já não mais importa.

A fome tão intensa e tão cruenta

Desnuda toda a barbaridade daqueles que se sentam a mesa

Aos que foram colocados para fora do jantar

O prato mais aguardado será servido frio

Terá fim esse banquete de 500 anos.

Dizem-nos, enfim, os pomposos senhores,

Aqueles que vestem seda e devaneiam sobre as coisas do mundo,

Que é preciso conciliar machado com pau.

A estes senhores, digo que um litro de água não será capaz de conter o fogaréu.

São anos que equivalerão a décadas, amigos

São tempos de destruição total das velhas coisas.

Louvemos pois, a chegada do novo.

Pois para que todo novo possa chegar, é necessária a total destruição do antigo.

E não há mais condição do povo continuar vivendo no velho.

Este mundo vai ruir.