Poesia vermelha.
Minha poesia tem sangue
Tem o sangue dos negros derramado por aquela chibata
O sangue dos índios derramado na floresta
Tem também o sangue do holocausto
E o das bruxas minhas antepassadas
Que eram apenas mulheres como eu:
Livres
Conhecedora de ervas
Dona de gatos
E
Excluídas da sociedade.
Nos meus versos
Também trago as lágrimas dos poetas
Dos mal amados
Dos idolatrados ídolos de cada época
Que foram calados
Das virgens despojadas
E de crianças abandonadas.
Talvez por isso
Canto um cântico tão triste
Meus olhos são triste
Já disse o poeta
Minha poesia e triste
Poesia vermelha
Que é pra lembrar o sangue dos desesperados.