Pérolas

Versus Trump, sempre trampo,

Há pretos na casa, sou do campo…

Do campo de criação.

Mas sou livre nessa lavra,

Colhendo palavra por palavra…

Como cana-de-açúcar e algodão.

Seu cérebro aguenta quantas séries?

Friso! Essas frases são hateres…

Para exercitar seu eu interno.

Tenho muito conteúdo e forma,

Mas dentro dum ovo de codorna…

Cabem as rimas do estimado caderno.

Não sei porque insisto na falha,

Porquinho quer casa de palha…

Ofereço alvenaria, alicerce e coluna.

Palavras, por que escolho tanto?

Se teu ouvido é um antro…

Onde entra qualquer uma.

Somente vão com as outras Marias,

Pra que temperos, especiaria?

Não são exigente os paladares.

Presenteio cegos com paisagens,

Se amam o raso, as margens…

Porque ainda encho os mares?

Queima, queima, sobe e logo cai,

Plano de vôo tão fugaz…

Quanto o de qualquer Maria Choca.

Há solidão no trem lotado que estás,

Saiba, a música que toca mais…

É a que menos nos toca.

Morra nesse chiqueiro,

Se não diferencia o cheiro…

Da merda e da flor.

Não dê pérolas ao porco,

Dê aos poucos…

Que sabem seu valor.

Sobre essas pérolas o calçado,

Pernas e dentes arreganhados …

Parece até um sabre.

"Cômodo", muito cômodo na Casa Grande,

Vestido igual a um dândi…

Embasbacado ao lado da sua Barbie

Com seus manufaturados,

Sim! Manos tem faturado…

Arte virou commodities tal ferro, soja.

Há código em cada barra,

Pares e mais pares de jarra…

Na fria prateleira dessa loja.

Cai no chão o que não cabe na palma,

Se também não alcança a alma…

De que adianta o tamanho do pênis?

Zero ação, pra que mil ideias?

Se tu não é uma centopéia…

O que justifica tantos pares de tênis?

Cérebro vazio, oposto a carteira,

Sua liberdade financeira…

Mantém vários de nós cativos.

Quantas costas até chegar ao topo?

A fraqueza do "nosso corpo"…

Expande seu poder aquisitivo.

Gostam de outro extremo, estrume,

Por que ainda desperdiço perfume?

Remédio? Não ligam pra saúde.

Pra que perco meu tempo precioso?

Se é tudo pra agora, não há repouso

Ninguém digere, a arte é fast-food.