DA MINHA JANELA EU VEJO

 

O que restou de uma pandemia global

Pessoas cujos trabalhos eram o seu bem

Hoje vendem balas nas ruas, vendem o que têm

Vírus que abocanhou a vida e trouxe o mal

 

Jovens sem destino e sem dignidade

Que eram felizes e tinham sonhos

Andavam livres e risonhos

Hoje são resultados da pura maldade

 

Aqui da minha janela eu avisto

Pernas e corpos cansados

Sob olhares dos lojistas desconfiados

Que sabem o perigo que era previsto

 

Daqui mesmo do terceiro andar

Vejo homens e mulheres pedindo esmola

Crianças no colo, outras matando o tempo com uma bola

Só querem mesmo sair e trabalhar

 

Hoje um homem pedia um prato de comida

Passantes bem-vestidos e com um bom cargo

Olhavam de lado, passavam ao largo

Mesmo sabendo que suas vidas foram destruídas

 

Hoje eu mesmo vi a tristeza do mundo

Pessoas vivendo porque seus corações ainda batem

Suas almas e corpos se debatem

Na tristeza e angústia do submundo

 

Amanhã espero não vê-los mais

Espero que seus destinos sejam outros

E de onde saíram, este calabouço

Seja transformado em sonhos reais

Paulo Eduardo Cardoso Pereira
Enviado por Paulo Eduardo Cardoso Pereira em 13/10/2022
Reeditado em 01/04/2024
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