D E C L A R O M E U V O T O
Não tenho partido
Mas tomo partido da verdade
Não sou partidário
Mas não teria sentido
Se diante da realidade
À justiça eu fosse contrário.
Por isso decido escolher
Entre a mentira e o fato
Entre a paz e a violência
Por isso faço saber
Que o falso não acato
E limpa é minha consciência.
E quando posso dar um voto
É meu legítimo direito
Valorizo essa possibilidade
A insensatez eu não adoto
A ignorância eu rejeito
E deixo fluir a sensibilidade.
Então eu faço minha opção
Livre de qualquer egoísmo
Decidindo pelo bem comum
Declaro ser de coração
Longe de qualquer farisaísmo
E sem preconceito algum.
Escolho viver com sabedoria
Repudio a vil ignorância
E a incapacidade de pensar
Escolho seguir com alegria
Repudio a vil intolerância
E a indisposição para dialogar.
Voto na rica diversidade
De culturas e pensamentos
De credos e religiões
Voto na bela capacidade
Da gente expressar talentos
Nos poemas e nas canções.
Decido pelas minorias
Que se organizam tão bem
E exigem suas justas cotas
Acato o voto das maiorias
Que são justas também
E não se iludem com lorotas.
Declaro meu voto aos pobres
Roubados em sua dignidade
Sem casa, sem pão, sem remédio
E que não têm acesso aos cofres
E ainda lhe negam a oportunidade
De irem além de um ensino médio.
Decido pelos indígenas poucos
Que sobrevivem aos massacres
E insistem em seu modo de vida
Contrariando gananciosos loucos
Que fazem dos índios os mártires
De uma civilização genocida.
Voto pelo fim das queimadas
Inconsequentes e criminosas
Que favorecem os mineradores
Que lucram com matas devastadas
E criam crateras ociosas
Destruindo sem medos ou pudores.
Escolho um modelo mais humano
De organização socioeconômica
Que não tire o poder aquisitivo
Das nossas minas e nossos manos
Gerando desigualdade astronômica
E crescimento altamente restritivo.
Opto por um país sem preconceito
Que respeita toda orientação sexual
E não assassina o diverso
Opto pelo fim do desrespeito
Ao hetero ou homossexual
Seja homem ou contrário sexo.
Escolho a paz e não a guerra
Quero receber abraço e não tiro
Não carregarei arma, mas uma flor
Sobre meu corpo não quero terra
Pois ainda vivo e por isso prefiro
Sobre mim um macio cobertor.
Voto na imprensa independente
E ao mesmo tempo comprometida
Com os fatos e com a ciência
Quero informação pra toda gente
Mas rejeito a realidade destorcida
Por quem manipula a consciência.
Declaro meu voto com a autonomia
De quem reflete e medita
Sobre tudo que vê, lê e conversa
Declaro meu voto com sabedoria
De quem de fato acredita
Que a Nação é vice e versa.
Aberio Christe