ao invés de
minha intolerância, bem sei,
é que não me permite
que o outro me ponha defeitos
que sou um poeta-aprendiz
de versos ainda imperfeitos
que moro em lugar bem distante
no meio de gente pedante
e com minha incredulidade
diante daquilo que escuto
ao invés de temer a vaidade,
reajo, me alterco e discuto
e falo um monte de besteiras
numa reação rotineira,
autômata e estereotipada
me esqueço que boca calada
é sempre o melhor remédio
que irá me livrar desse tédio
que é eu ficar me enfrentando
depois que recordo o que houve
ao invés de ceder e deixar
ao outro seus traços e dotes
e educar meus filhotes
que são as minhas fraquezas
ao outro, todos os seus delírios
martírios e a sua beleza
junto com as suas delícias
à mim, as minhas impurezas
e o meu café sem açúcar
Rio, 27/11/2007