Sou agreste
Sou cuscuz, sou rapadura,
Tapioca, acarajé,
Buchada, pé-de-moleque ,
Moqueca, sarapatel,
Baião de dois, pequizada,
Também sou Maria Isabel.
No Carnaval danço frevo,
Num ritmo de empolgação,
Adoro dançar forró
Nas noites de São João.
Curto também pastoril,
Ciranda, coco e baião .
Já vi Tobias Barreto ,
Patativa do Assaré,
Ariano Suassuna,
Rachel de Queiroz, até;
Já vi até Castro Alves,
Manuel Bandeira, pois é.
Já chorei um mar de lágrimas
Por causa da escravidão;
Sonhei com a liberdade
Da minha população .
Vi meu povo mendigando
Por causa da corrupção.
Queres saber quem eu sou ?
Sou suave melodia ,
Cantada toda manhã
Numa meiga poesia;
Sou tapete que te abraça ,
Na luz da lua ou do dia.
Respeita minha cultura!
Deixa que eu fale oxente,
Não joga teu preconceito,
Pra cima da minha gente.
Falamos a mesma língua,
Num Brasil bem diferente.
Sabes como é meu nome?
Só digo que sou agreste,
Música cheia de sol.
Terra do cabra da peste:
Mulher e homem valente
Prazer, chamo-me Nordeste.
Lucineide