A Nau
Humilhados,
Desrespeitados,
Dominados.
Somos servos,
Perversos,
Egoístas,
E coitados.
Criamos um Deus,
E de outro lado,
Um diabo.
Juízes,
Detentores do direito ao jugo alheio,
Determinamos à salvação,
Ou ao pecado.
Certo ou errado?
Interpretamos as escrituras,
Conforme nos foi contado,
Escondido,
Editado,
Recriado,
Recortado,
Recontado,
E por fim,
Determinado.
Letras juntas,
Formam palavras,
Frases,
Capítulos,
Livros,
Que necessitam de um outro,
Para serem decifrados.
Encoleirados à cólera,
Te tiram o que há pra comer,
E na promessa por redenção,
Ou por fórmula para vencer,
Pregam o ódio em comunhão,
Dois lados querem o poder,
Vivemos na ilusão,
Para o mal prevalecer.
Portadores de uma imensa incapacidade de entendimento de dados e fatos,
Somos levados,
Por um tormento mar,
Onde uma imensa nau,
Tenta voltar a Portugal,
Antes de totalmente afundar.
Quem salvará nossa alma?
Tubarões cercam o jantar,
Banquete de terceira,
Carne de pseudo emergente.
Ossos são sobras,
Restos,
Vestígios,
De predadores,
E da caça,
Que não soube nadar.